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Experiências na carreira e características que fazem um bom gestor foram compartilhadas durante Quinzena da Enfermagem.
Os profissionais da Enfermagem conhecem a rotina das unidades de saúde e a realidade dos pacientes como nenhum outro e têm competência para assumir diversas posições dentro do organograma das instituições, da assistência à gestão.
E para inspirar esses profissionais, o ISAC – Instituto Saúde e Cidadania promoveu o curso on-line “Liderança e gestão em Enfermagem: como os enfermeiros podem se tornar líderes eficazes e influenciar a tomada de decisões no setor de saúde”, conduzido por Ivanete Roberti, diretora assistencial e consultora em Saúde.
O curso on-line faz parte da programação da “Quinzena da Enfermagem: eu me cuido para cuidar”, realizada pelo ISAC, de 11 a 26 de maio, em todo o país, em reconhecimento e homenagem a esses profissionais da Saúde que dedicam suas vidas para cuidar de outras pessoas.
Na apresentação, Ivanete Roberti compartilhou seus aprendizados ao longo da sua caminhada na Enfermagem para as lideranças do instituto, enfermeiros e técnicos de Enfermagem que atuam nas unidades gerenciadas pelo ISAC nos Estados de Alagoas, Bahia, Goiás e Tocantins, além da sede no Distrito Federal, e falou das características e habilidades que considera fundamentais para quem almeja chegar ou já está em um cargo de gestão.
Mais preparados
Doutoranda em Saúde Pública, Ivanete Roberti afirma que uma graduação, experiência, um cargo só vem a somar, jamais anular.
“Por diversas razões, alguns colegas da Enfermagem têm a autoestima baixa ”, pontua Ivanete Roberti. “Precisamos nos inspirar uns aos outros, pois, na área da Saúde, somos aquilo que quisermos ser. Nós, profissionais da Enfermagem, somos mais bem preparados para atuar de A a Z dentro das unidades, e temos competências e conhecimento para assumir diversas posições, basta nos prepararmos”, explica.
Com mais de 20 anos de experiência em cargos de gestão em saúde e hospitalar de Norte a Sul do país, Ivanete Roberti contou um resumo da sua carreira e das vivências que teve na Enfermagem. E dentre essas vivências, destacou o Hospital Regional Público da Transamazônica, em Altamira (PA), quando assumiu como diretora de Enfermagem, de 2006 a 2011.
Na época, participou do processo de implantação do hospital, da implementação dos processos de qualidade e segurança dos usuários do SUS – Sistema Único de Saúde, até a conquista da Certificação Nível 1 pela ONA – Organização Nacional de Acreditação.
“Em Altamira, eu coloquei em prática tudo o que eu aprendi. Naquele período, eu tinha que estudar sozinha, pela internet, com manuais e impressões”, relembra Ivanete Roberti, que também ressalta a importância de ouvir as equipes e visitar os setores. “Reunir com os técnicos e com as lideranças, escutar o que eles têm a dizer sem ressalvas e sem julgamento faz com que você ganhe o respeito de toda a equipe. Fazer visitas e ficar de olho nos pacientes também é importante, pois não adianta ter protocolos e indicadores bonitos se o que está escrito é uma coisa e o que está acontecendo é outra”, complementa.
Engrenagem principal
Em seguida, Ivanete Roberti falou sobre as principais responsabilidades de um gestor assistencial em saúde, esclareceu como trabalhar com diferentes profissionais (gestão de recursos humanos) e administrar equipamentos e medicamentos (gestão de recursos materiais), ressaltou ainda, como lidar com o processo de triagem, atendimento aos pacientes e agendamento de consultas e exames (gestão de processos operacionais).
“Faltou alguma coisa, a culpa é de quem? E esse material ruim, aqui, quem aprovou a compra? Quem já não ouviu isso? Pois é, somos os responsáveis por gerenciar todos esses processos”, alerta Ivanete Roberti. “A gestão assistencial que faz, aparece. E a que não faz também aparece, só que de forma ruim. Somos nós que colocamos a unidade para trabalhar. Somos a engrenagem que se não funcionar nada mais funciona, e quando funciona tudo se destaca”, afirma.
A consultora em Saúde também orientou sobre os aspectos que o gestor precisa estar atento para se distinguir, como a busca pela qualidade no atendimento e o cumprimento das normas e procedimentos de segurança, assim como estar atualizado em relação às inovações e tendências na área da saúde e hospitalar, e combinar os conhecimentos técnicos em saúde com as habilidades em gestão e liderança de equipes.
E para exemplificar a importância desses aspectos, Ivanete Roberti citou uma frase que ouviu durante sua trajetória e marcou. “Enfermeiro que não faz gestão, faz pressão. Ou seja, quem conhece sua equipe e seus processos, faz gestão. Quem não conhece, faz pressão para que as coisas aconteçam”, explana.
No encerramento, voltou a falar sobre autoestima e autoconfiança. “Não devemos baixar nossas cabeças, pois os profissionais de saúde têm todos a mesma hierarquia”, recorda Ivanete Roberti. “Ninguém é mais ou menos que ninguém. O profissional de Enfermagem que estuda, que busca ter competências e sabe o que está fazendo ninguém vai passar por cima. Vamos ter orgulho em ser profissionais da Enfermagem”, conclui.