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Unidades ISAC em Alagoas ofertam atendimento humanizado em saúde mental a usuários de álcool e outras drogas

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Hospital Ib Gatto Falcão e as UPAs Benedito Bentes e Trapiche da Barra integram a Rede de Apoio Psicossocial no Estado

Álcool, crack, cocaína, maconha e até mesmo medicamentos podem levar à dependência e causar graves problemas de saúde. Segundo a OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde, uma série de transtornos mentais e comportamentais, além de doenças não transmissíveis e lesões, estão relacionados ao uso nocivo do álcool.

Os prejuízos à saúde causados pelo uso de substâncias psicoativas também foram detalhados em números pelo UNODC – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. De acordo com a organização, cerca de 35 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos decorrentes do uso de drogas e necessitam de tratamento.

Em Alagoas, quem se dispõe a enfrentar o vício ou precisa de atendimento médico por conta dos efeitos do álcool ou outras drogas recebe assistência gratuita pelo SUS – Sistema Único de Saúde.

Três dessas unidades públicas de saúde que integram a RAPS – Rede de Apoio Psicossocial no Estado são gerenciadas pelo ISAC – Instituto Saúde e Cidadania. Elas oferecem acolhimento humanizado a pessoas com sofrimento ou transtornos mentais decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Em Rio Largo, no Hospital Professor Ib Gatto Falcão, o atendimento inclui demandas de urgência e emergência e internação de baixa complexidade. Já em Maceió, as UPAs – Unidades de Pronto Atendimento Benedito Bentes e Trapiche da Barra atendem casos de urgência e emergência e, depois de estabilizarem o usuário, se necessário, encaminham-no para unidades de referência.

Internação hospitalar de baixa complexidade

No Hospital Professor Ib Gatto Falcão, seis dos 35 leitos de internação na unidade são exclusivos para acolhimento de demandas de saúde mental, o que inclui pacientes com sofrimento ou transtornos mentais devido ao uso de álcool e outras drogas.

Entre julho de 2021 e janeiro de 2022, o hospital registrou 68 internações na ala de saúde mental, sendo que 20,5% delas estão relacionadas a usuários com esse perfil. Foram duas internações por alucinações auditivas, uma por efeito tóxico do álcool, nove por síndrome de abstinência, uma por síndrome de dependência e uma devido ao uso do álcool.

Os usuários chegam à unidade regulados por outros serviços de saúde, encaminhados pelo SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ou de forma espontânea ou via pronto atendimento.

Adriano Scalzer Correia, diretor técnico do hospital, comenta sobre o atendimento. “Aqui temos um ambiente clínico com equipe especializada e capacitada para esta atividade. Contamos com um profissional médico psiquiatra, em regime de visitas de rotina, enfermeiro com especialização em Psiquiatria, técnicos de Enfermagem e equipe multidisciplinar composta por profissionais da Psicologia, Serviço Social, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Nutrição. Também ofertamos exames laboratoriais, de Radiologia e eletrocardiograma. Bem como realizamos a testagem da covid-19. Nesse sentido, todos trabalhamos juntos com o objetivo de alcançar os melhores resultados possíveis para o tratamento do paciente e, também, para proporcionar uma melhor assistência aos familiares”, explica o médico.

Acolhimento humanizado

Durante o atendimento na unidade, os familiares também são ouvidos pela equipe e envolvidos no processo de recuperação do usuário. A prática torna o atendimento humanizado, assim como o fato de que a internação leva em conta as necessidades particulares de cada paciente.

“Tentamos durante toda a internação favorecer os pontos fortes do paciente, observando sempre as necessidades que ele mesmo nos apresenta e fazendo o encaminhamento para a rede de apoio. Afinal, a internação não é um processo isolado ou pontual. Ele pode ser uma possibilidade de novos caminhos para o paciente e redirecionamento de vida”, afirma Leandro Lima, enfermeiro de saúde mental no Hospital Professor Ib Gatto Falcão.

Os efeitos das drogas no organismo

Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, droga é toda substância produzida fora do organismo e que, quando inserida nele, é capaz de alterar o seu modo de funcionamento.

Adriano Scalzer Correia comenta que, entre os muitos efeitos das drogas no organismo, duas situações patológicas se destacam. A primeira e mais aguda está relacionada à adaptação do sistema nervoso central ao excesso ou uso contínuo dessas substâncias.

“No momento em que cessa o uso desta substância e, consequentemente, do estímulo causado por ela ao sistema nervoso central, ocorre uma descompensação bioquímica, que pode ser em questão de horas, causando uma série de transtornos orgânicos e neurológicos, como os identificados na vulgarmente chamada Síndrome de Abstinência. Pode ser uma situação grave, a depender do nível da dependência química, inclusive podendo levar a óbito se não tratada adequadamente”, explica o diretor técnico do Hospital Professor Ib Gatto.

O outro efeito patológico dessas substâncias é a deficiência de tiamina encontrada nos pacientes. A tiamina é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, essencial para a conversão dos carboidratos e importante para o funcionamento do sistema nervoso, dos músculos e do coração. A deficiência desta vitamina de forma crônica pode causar lesões no sistema nervoso central e, dependendo do nível da lesão, levar a duas síndromes comumente chamadas por uma única nomenclatura: a Síndrome de Wernicke-Korsakoff.

A Síndrome de Wernicke é uma encefalopatia, que pode ser reversível após cessar o uso crônico e realizado o tratamento com reposição da tiamina. Em contrapartida, a Psicose de Korsakoff é uma sequela da Síndrome de Wernicke crônica, quadro irreversível e caracterizado principalmente pela alteração da marcha e pela amnésia anterógrada, que é a incapacidade de formar novas memórias.

A gastrite, a cirrose hepática e as suas complicações clínicas, como hipertensão portal, varizes de esôfago, ascite e as hemorragias do trato gastrointestinal, também podem ser provocadas pelo uso contínuo de substâncias psicoativas.

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